28 janeiro 2007

Caminho de Santiago!

Dia 25 - Saímos do hotel em Mendoza um pouco atrasados para ir à vinícola Vistalba, onde são produzidos os vinhos que dão nome à vinícola e os Tomeros, assinados por Carlos Pulenta. Acabamos desistindo (tentaremos visitar na volta a Mendoza). Decidimos ir direto para a visita com almoço marcada no Familia Zuccardi (www.familiazuccardi.com). Um trajeto que poderia ter durado uns 40min, transformou-se numa saga de 2h. Não é fácil circular entre Maipu e Lujan de Cuyo sem um guia. É tarefa pra quem tem paciência. Como já dissemos, a sinalização para as vinícolas é bem precária (com exceção da Finca Flichman e Carlos Pulenta, que espalharam plaquinhas pelo caminho).

Chegamos ao Familia Zuccardi e começamos com uma degustação. Experimentamos um sauvignon blanc, depois um pinot grigio da linha Innovacion, (ainda não é facilmente encontrado no mercado argentino e não disponível no Brasil, por ser experimental) e finalmente um tempranillo, todos da linha Santa Julia.
Depois de mais uma visita às instalações e explicações sobre o processo de produção dos vinhos, fomos almoçar no restaurante dos Zuccardi. O trajeto entre o local de visitação e o restaurante é super-interessante. Caminhamos entre os vinhedos de várias cepas, que são identificados por pequenas placas. Deu pra identificar bem as minhas uvas prediletas: a chardonnay e a malbec, inclusive a orgânica...). O atendimento do restaurante é de primeira e o menu degustação garante a harmonia entre os vinhos e a seqüência dos pratos servidos. Da entrada à sobremesa, passando pela delicadesa do chef, que vem à mesa para explicar a elaboração do que está sendo servido. Muito burguês né?

O delírio da paisagem dos Andes
Depois dessa experiência gastronômica imperdível, rumamos direto para Santiago. Já passava das 17h quando pegamos a estrada. Nunca vimos tanta beleza natural concentrada em tão curto trajeto (menos de 400 km). Era uma surpresa a cada curva. A combinação de montanhas, neve, rios e céu azul é fascinante. A exuberância e a pujança da Cordilheira dos Andes nos torna pequenos e frágeis diante de tamanha imponência.

Uma das belas montanhas da Cordilheira dos Andes.




No começo da noite, por volta das 22h (horário de verão aí no Brasil), resolvemos pernoitar num hostel (www.arcodelascuevas.com.ar), uma espécie de albergue da juventude. Aí foi outra experiência bem legal. Quem cuida da hospedaria são duas jovens super simpáticas, cuidadosas e inteligentes, elas são responsáveis por tudo: da comida ao conserto do chuveiro. Neste hostel o ambiente é bastante aconchegante, sem a formalidade dos hotéis tradicionais. O lugar é no meio do nada, fica na localidade de Las Cuevas, alguns quilômetros depois de Puente del Inca e há cerca de 2 km da fronteira com o Chile. Fica há 3.200 metros de altitude (lembrem-se que o ponto mais alto do Brasil é o Pico da Neblina, com 3.014 metros). Um frio danado! A temperatura nesta época é de 7 graus à noite e 12 durante o dia. Claro que aproveitei essa benesse da natureza para dar uma resfriadinha numa botella. Conhecemos neste hotel, uma simpatissíssima família brasileira que mora há 25 anos em Buenos Aires (na verdade o marido é argentino) e já nos convidaram para uma visita quando passarmos por lá. O cara faz malbec em casa, é mole? Já estamos programando o reveillon 2008 em Buenos Aires, rsss.
Na hora de dormir dá um certo mal-estar, uma certa ansiedade, devido à diferença de pressão e à menor quantidade de oxigênio. Mas o vinho ajudou a nossa adaptação à altitude. Sofia dormiu feito um anjo. Virgen de la Carrodilla (padroeira dos vinhedos deu uma ajudinha!



Dia 26 - Pela manhã, tomamos café e fomos visitar um ponto há 4.200 metros de altitude, chamado Cristo Redentor, onde há uma estátua, algumas poucas construçoes e lógico, uns perdidos malucos sempre vendendo alguma coisa. A "estrada-precipício", pontuada por acumulações de gelo começa ao lado do hostel e segue subindo por cerca de 9 km até um platô onde está demarcada a fronteira entre a Argentina e o Chile na Cordilheira dos Andes. Lá podemos ver a linha limite entre os dois países, as duas bandeiras, a estátua do Cristo e placas, na base da estátua, com mensagens reafirmando o compromisso de paz entre os dois povos, já que a "porrada" entre os dois países já aconteceu algumas vezes e quase rola de novo na década de 80 por conta de algumas ilhotas na fronteira sul, no Canal de Beagle
















(http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_de_beagle).
Lá em cima respirar fica mais difícil ainda e não dá pra ficar muito tempo fora do carro, devido ao vento frio demais. Mas o visual é fantástico!!!





Descemos e percorremos 2 Km antes de atravessar um grande túnel que separa os dois países. No meio do túnel há uma placa dizendo: "Bienvenido a Republica de Chile".
Mais 4 Km e lá vem a burocracia para sair da Argentina e entrar no Chile. Mas estávamos com tudo em cima. Só é chato. Muito papel pra preencher e apresentar e toma-lhe carimbo. Além de uma revista minuciosa do controle sanitário do Chile, que fuça todos os carros pra ver se tem algum produto orgânico aberto, ou restos de comida, além de outras coisas que possam apresentar risco de contaminação. Mas tudo com simpatia e sem truculência. Deu tudo certo e começamos descer a cordilheira. Paramos pra almoçar no charmoso Hotel Portillo (www.chileanski.com/por/portillo), que é a hospedagem de uma famosa estação de esqui. Vale a pena parar principalmente devido a bela vista que o restaurante, com decoração britânica, tem para a Lagoa do Inca.



































A estrada do lado chileno nao é tao bem cuidada quanto o lado argentino...mas a paisagem é igualmente bela e a supresa, desta vez fruto da engenharia humana, fica por conta de los caracoles, uma descida com uma seqüência de curvas, margeada pelo rio Aconcagua.











Los caracoles.






Santiago

Em poucas horas (talvez duas e meia), chegamos à cidade de Santiago. O primeiro contato é um choque! Até porque vínhamos de uma cidade belíssima e que apesar do tamanho tinha um clima de tranqüiliade e organizaçao. Santiago, como toda metrópole, tem um trânsito congestionado, (os chilenos dirigem como loucos ao contrário dos educados argentinos.). Ambulantes pelas calçadas, vendendo helados (picolés) entre os carros, certo desleixo com a limpeza das ruas e com o tratamento dos parques e dos jardins. Além disso, a cidade está passando por uma grande revitalizaçao. Vemos por todos os lados anúncios de lançamentos imobiliários na área central. Rodamos um tempao atrás de um hotel e foi difícil visualizar um. Até estranhamos e ficamos um pouco aborrecidos. Mas como viagem de carro é assim mesmo, paramos numa lan house e pesquisamos um hotel interessante. Nos hospedamos no Hotel España (www.hotelespania.com). Trata-se de um belo prédio de arquitetura neoclásica. É antigo mas é confortável e muito bem localizado, na rua Morande, próximo ao Palacio de La Moneda e de todo o complexo de prédios históricos. Agora, o serviço do hotel é praticamente inexistente. Nao vendem nem água no hotel. Pedi uma coca-cola e tive que descer pra pegar. Daqui a pouco o recepcionista me veio com um copo de vidro cheio de coca-cola e que custava 500 pesos chilenos (cerca de R$2,00). Também nao há estacionamento. Apesar de anunciarem no site, eles te dao um papel com o logo do hotel para colocar no vidro da frente do carro e deixar na rua, numa vaga exclusiva do hotel. A diária para casal custa 50 dólares. No Chile aconselha-se pagar a estadia em dólar, pois há um desconto de 19% sobre a tarifa, que fica livre de impostos.
Não gostamos muito da cidade num primeiro momento, próprio de um primeiro encontro. Agora já estamos curtindo tudo por aqui. Jantamos ontem na zona boêmia de Santiago, o charmoso bairro Bella Vista. Lá se encontram bares e restaurantes para todo os gostos e idades.
Amanhã (hoje), faremos uma postagem sobre a cidade e sobre nossa visita à Concha y Toro. Hoje, dia 28 vamos à Valparaíso e Viña del Mar, no litoral pacífico e depois retornaremos à Argentina (talvez hoje ainda). Ficaremos em Mendoza mais um dia e depois seguiremos direto para o Rio, só parando pra dormir. Nossa viagem está chegando ao final.

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