Nas grandes cidades brasileiras as pessoas têm se enfurnado cada vez mais nesses "espaços privados" em busca de segurança, mas também pra fugir da feiúra e do desconforto das nossas ruas e praças, maltratadas e inseguras.
Nossa elite, muito mais gananciosa e limitada culturalmente do que a dos nossos vizinhos, preferiu ao longo do tempo permitir este estado de coisas. Aí ela se tranca nos shoppings e nos espaços reservados da cidade e deixa as ruas e os guetos para os pobres e criminosos.
Aqui no Rio, temos a Barra da Tijuca, um "macaqueamento" de bairro moderno de país rico, porém envolto por favelas e miséria. Um bairro que é hostil ao pedestre, onde tudo foi criado para o deslocamento por automóvel. O único sinal da presença de pedestres são os pontos de ônibus, destinados quase que exclusivamente aos "prestadores de serviço", não-residentes no bairro e que vivem a quilômetros de distância da nossa "Miami", motivo de piada em outros países.
Enquanto vimos cidades vivas, alimentadas por ruas e praças pulsando de gente, vemos nossas cidades agonizando, vazias e gangrenadas pela sujeira e pela insegurança.
Apesar do Rio de Janeiro ser uma cidade que inspira este convívio, há muito já não percebemos este ambiente nas suas ruas e praças, infelizmente.
"Uma cidade não morre de vez. Vai morrendo nos que nascem quase mortos. Vai morrendo na fome dos que matam e morrem num círculo de extrema impossibilidade. Vai morrendo na mesquinhez dos homens que deveriam morrer. Uma cidade não morre de vez. Morre com os mangues do rio morto, afogando uma solidão que mata. Uma cidade não morre de vez. Morre com a morte dos que a sonharam viva."
José Mário Rodrigues
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